Você tem sido um designer que usa a psicologia como ferramenta de criação?

Você já se perguntou por que certos designs simplesmente funcionam?

Aqueles layouts que parecem intuitivos, harmônicos e que conduzem o olhar do usuário com naturalidade… Não é só talento ou intuição – é psicologia aplicada ao design.

Jon Yablonski reuniu no livro Laws of UX uma série de leis baseadas em estudos de comportamento humano que ajudam designers a criarem experiências mais eficazes e centradas no usuário. Neste artigo, vamos explorar como essas leis podem (e devem) ser aplicadas no dia a dia de quem trabalha com design gráfico, não só em interfaces digitais, mas também em peças impressas, editoriais e identidades visuais.

1. Lei de Hick – Menos é mais

“Quanto mais opções oferecemos, mais tempo o usuário leva para tomar uma decisão.”

Essa lei é um argumento poderoso a favor do minimalismo funcional. Em um cartaz, por exemplo, evite sobrecarregar com informações. Destaque o essencial. Se você precisa passar uma mensagem rápida – como um evento, um call-to-action ou uma promoção – priorize clareza e objetividade. Use hierarquia visual para guiar o olhar.

2. Lei de Fitts – O tamanho e a proximidade importam

“O tempo necessário para alcançar um alvo depende do tamanho do alvo e da distância até ele.”

Em interfaces, essa lei costuma orientar o design de botões e cliques. Mas em design gráfico, podemos aplicar o mesmo raciocínio: o que é mais importante deve ser visualmente acessível. Títulos maiores, áreas de clique (ou leitura) com espaço suficiente, e boa distância entre elementos ajudam na usabilidade – mesmo em materiais impressos.

3. Lei da Proximidade – Agrupe para comunicar

“Elementos próximos são percebidos como relacionados.”

Essa é clássica no design editorial e em diagramação. Se você quiser que o leitor entenda que um título pertence a um parágrafo, mantenha-os visualmente próximos. O mesmo vale para blocos de texto, imagens e legendas. A organização visual já é uma forma de comunicação.

4. Lei da Similaridade – Use padrões a seu favor

“Elementos semelhantes são percebidos como parte de um mesmo grupo.”

No design de marcas, por exemplo, a repetição de formas, cores e estilos cria consistência. Isso reforça identidade e facilita o reconhecimento. Já em infográficos e apresentações, use essa lei para guiar a leitura: destaque o que é diferente, e mantenha o que é igual com a mesma aparência.

5. Lei de Miller – Limite a carga cognitiva

“O ser humano consegue manter cerca de 7 (mais ou menos 2) itens na memória de curto prazo.”

Ao criar uma peça, pense no quanto de informação o usuário realmente vai conseguir absorver. Se houver muitos elementos visuais competindo pela atenção, o resultado pode ser confuso e ineficaz. Divida o conteúdo em partes digestíveis, com boas pausas visuais.

6. Lei de Jakob – Familiaridade é confortável

“Os usuários preferem que seu design funcione da mesma forma que outros já conhecidos.”

Isso vale ouro no design de interfaces, mas também pode ser aplicado ao branding e ao design gráfico em geral. Se você está criando um cardápio, por exemplo, seguir convenções conhecidas (como categorias e ícones intuitivos) torna a experiência mais fluida. Inovar é ótimo, mas até a inovação precisa de pontos de ancoragem.

7. Lei de Tesler – A complexidade sempre estará em algum lugar

“Toda aplicação tem uma complexidade inerente, que não pode ser eliminada, apenas deslocada.”

Isso significa que, como designers, devemos assumir a responsabilidade por simplificar a experiência do usuário – mesmo que isso exija mais trabalho da nossa parte. Um bom layout editorial, por exemplo, muitas vezes exige horas de organização para que o leitor final tenha uma experiência leve e fluida.

As Laws of UX não são regras rígidas – são fundamentos psicológicos que, quando aplicados com intenção, elevam o nível do design gráfico. Elas ajudam a tomar decisões com mais embasamento, a defender escolhas diante de clientes e a criar materiais que não só impressionam, mas funcionam.

Lembre-se: o bom design não é só o que você vê, é o que você sente ao interagir. E o cérebro humano adora quando as coisas fazem sentido.

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