Montar um time de designers é uma tarefa que vai muito além de reunir profissionais com portfólios bonitos. Trata-se de compor uma equipe capaz de pensar, colaborar, resolver problemas complexos e traduzir objetivos estratégicos em experiências memoráveis para os usuários. Embora recompensadora, essa missão está repleta de desafios que podem comprometer o desempenho e a coesão do time se não forem bem gerenciados.
Consideramos estes os principais obstáculos enfrentados por quem está à frente da construção de uma equipe de design.
1. Encontrar talentos com a combinação certa de habilidades
O design é uma disciplina ampla. UX, UI, motion, design system, pesquisa, estratégia, conteúdo, cada especialidade exige competências distintas. O primeiro grande desafio é encontrar profissionais com a combinação certa de profundidade técnica e visão sistêmica, além da capacidade de colaborar em ambientes multidisciplinares.
Muitas vezes, designers talentosos são especialistas em um aspecto do design, mas têm pouca experiência em trabalhar com engenharia, produto ou dados. O ideal é buscar um equilíbrio entre especialistas e generalistas, de acordo com o estágio e as necessidades do negócio.
2. Alinhar expectativas e papéis
Outro desafio comum é a falta de clareza sobre o papel do design na empresa. Ainda há organizações que veem design apenas como estética, e não como parte da estratégia de negócio. Isso gera desalinhamento entre líderes, designers e stakeholders.
Montar um time exige definir claramente:
- Qual é o escopo de atuação do time de design?
- Como ele se conecta com produto, tecnologia, marketing?
- Que métricas de sucesso serão usadas?
Sem esse alinhamento, designers acabam frustrados, e a empresa perde o potencial transformador do design.
3. Criar cultura de colaboração (não competição)
Design é um trabalho coletivo. Mas em times mal estruturados, é comum haver competição disfarçada de colaboração. Profissionais podem disputar projetos mais visíveis ou evitar compartilhar aprendizados e erros por medo de parecerem vulneráveis.
Criar uma cultura segura e colaborativa envolve:
- Estimular feedback contínuo e respeitoso;
- Recompensar comportamentos colaborativos;
- Construir rituais de time (críticas de design, sessões de co-criação).
O objetivo é formar um ambiente onde o melhor design seja construído em conjunto, não isoladamente.
4. Equilibrar autonomia e consistência
À medida que o time cresce, surge o dilema: como permitir que cada designer tenha autonomia criativa, sem comprometer a consistência da experiência entregue ao usuário?
Aqui, entram as ferramentas de escala, como design systems, processos de revisão e guidelines bem documentados. Mas mais importante que a ferramenta é o mindset: consistência não deve ser sinônimo de rigidez, e autonomia não deve significar despadronização. O equilíbrio se constrói com diálogo, confiança e visão compartilhada.
5. Recrutar para diversidade (de verdade)
Muitas empresas dizem valorizar a diversidade, mas seus times de design continuam homogêneo, em gênero, classe, raça, formação e visão de mundo. Um time assim tende a cair em vieses e criar soluções limitadas, que não atendem à pluralidade de usuários.
Recrutar com intencionalidade para a diversidade é um desafio real: exige revisar critérios de contratação, buscar ativamente talentos fora das bolhas tradicionais, criar processos inclusivos e garantir que a cultura do time acolha diferentes perspectivas.
6. Desenvolver e reter talentos
Montar o time é só o começo. O verdadeiro desafio é manter esse time motivado, em evolução constante e conectado ao propósito da empresa. Designers valorizam aprendizado, autonomia e impacto. Se esses elementos faltam, o risco de perder talentos é alto.
Liderar designers exige escuta ativa, espaço para experimentação, caminhos claros de crescimento e conexão com a visão maior do produto e do negócio.
Montar um time de design é uma construção contínua, feita de escolhas estratégicas, cuidado com as pessoas e compromisso com a qualidade. Os desafios são grandes, mas também são oportunidades de criar um time que não apenas “desenha telas”, mas ajuda a moldar o futuro da empresa com inteligência, empatia e propósito.
