Diante de consumidores mais críticos, conectados e informados, surge uma tendência irreversível no setor criativo: o design ético e a transparência visual.
Essa abordagem rompe com os velhos padrões de “embelezar” ou “maquiar” a realidade. Em vez disso, valoriza a honestidade, a clareza e o respeito à inteligência do público.
O que é design ético?
O design ético é a prática de criar soluções visuais com responsabilidade social, integridade e consciência do impacto que essas peças têm sobre o público e o ambiente.
Isso inclui:
- Evitar manipulação ou greenwashing (quando marcas exageram seu compromisso ambiental).
- Garantir acessibilidade para pessoas com deficiência.
- Representar a diversidade real em campanhas.
- Ser transparente quanto a dados, preços e intenções.
Transparência visual: como isso se traduz na prática?
Transparência visual significa deixar claro o que a marca é, o que ela entrega e o que ela defende, tudo isso visualmente. Não se trata apenas de texto, mas de elementos como:
- Embalagens com informações claras e legíveis, sem disfarçar ingredientes ou quantidades.
- Uso sincero da cor: evitando tons verdes para sugerir “natural” sem justificativa.
- Tipografia acessível: sem floreios que dificultam a leitura para pessoas com baixa visão.
- Imagens reais e representativas: fugindo dos clichês de beleza inalcançável e modelos irreais.
Exemplo: o impacto nas embalagens
A embalagem deixou de ser só um atrativo visual. Hoje, consumidores querem entender:
- Qual é a origem do produto?
- É reciclável ou biodegradável?
- O que exatamente contém esse cosmético ou alimento?
Marcas como The Ordinary, Natura e Oatly são exemplos de empresas que usam o design para deixar suas práticas claras. Em vez de promessas genéricas, apresentam informações objetivas, rótulos legíveis e até tom de voz honesto, direto, muitas vezes com um toque de humor.
Por que isso importa para designers?
Designers são pontes entre empresas e consumidores. Assumir uma postura ética no trabalho gráfico é entender que design comunica valores que moldam decisões.
Adotar essa abordagem pode envolver:
- Recusar projetos que mascaram informações.
- Sugerir soluções mais inclusivas e verdadeiras.
- Defender a clareza em vez da persuasão manipulativa.
Como aplicar o design ético no dia a dia?
- Estude o impacto das suas escolhas visuais. A tipografia é legível? A cor passa confiança ou disfarça algo?
- Faça perguntas ao cliente. Esse selo “eco” tem comprovação? Essa imagem representa mesmo o público-alvo?
- Inclua acessibilidade desde o início. Não trate inclusão como etapa opcional.
- Use transparência como estratégia visual. Mostre bastidores, processo de produção ou até erros, isso gera conexão genuína.
Design ético e transparência visual não são apenas tendências passageiras, são respostas naturais a um novo tipo de consumidor: mais atento, mais consciente e menos tolerante a enganações visuais.
O designer que entender essa mudança estará mais preparado para criar projetos relevantes, confiáveis e sustentáveis, tanto em reputação quanto em propósito.
