Nos últimos quinze anos, o universo do design digital passou por uma transformação profunda, não apenas nas ferramentas e metodologias, mas também na forma como nomeamos os profissionais da área. Termos como “UI Designer” e “UX Designer” dominaram as descrições de vagas por muito tempo, mas uma nova leva de títulos; Product Designer, Software Designer, Digital Experience Designer começa a ganhar força e revelar uma mudança de mentalidade no setor.
No início da popularização da web moderna, as empresas buscavam especialistas em nichos muito específicos. Assim surgiram papéis como:
- UI Designer – focado em interfaces, tipografia, cores e elementos visuais.
- UX Designer – voltado para pesquisa, fluxo de navegação, arquitetura de informação e testes de usabilidade.
- Interaction Designer – especializado nas microinterações e animações que dão vida à interface.
Esse modelo tinha como objetivo garantir profundidade técnica, mas acabava criando silos: o designer visual passava arquivos para o time de UX, que passava para desenvolvedores, sem um olhar integrado sobre o produto final.
Com a evolução das startups e metodologias ágeis, ficou claro que o design precisava conversar mais com negócios, tecnologia e experiência do usuário de forma unificada. Foi nesse contexto que o título Product Designer ganhou relevância.
O Product Designer não olha apenas para “como a tela fica”, mas também para:
- Como a solução atende objetivos de negócio.
- Como ela se integra à tecnologia disponível.
- Como o design impacta métricas de retenção, conversão e satisfação do usuário.
Essa mudança exigiu designers com visão sistêmica, capazes de falar a língua do negócio e do desenvolvimento.
O termo Software Designer está surgindo como um reflexo de times cada vez mais híbridos, onde design e engenharia se aproximam. Esse título indica um papel em que o profissional:
- Entende profundamente a arquitetura e as limitações técnicas do software.
- Participa de decisões sobre estrutura, performance e escalabilidade.
- Garante que a experiência não seja apenas bonita, mas também otimizada e viável tecnicamente.
Aqui, o designer atua quase como um engenheiro criativo, unindo design, lógica de programação e arquitetura de sistemas.
À medida que produtos digitais se tornam mais complexos, títulos como Experience Designer, Service Designer e até AI Interaction Designer estão surgindo para lidar com novos contextos: inteligência artificial, realidade aumentada, design de serviços e sistemas conectados.
O que esses títulos têm em comum é a abertura para múltiplas disciplinas. O designer deixa de ser apenas “quem desenha telas” e se torna um solucionador de problemas de experiência, independentemente da plataforma ou tecnologia.
A evolução dos títulos no design digital reflete a maturidade do setor. Passamos de especialistas isolados para profissionais que transitam entre disciplinas, conectam áreas e pensam em soluções como um todo. Seja como Product Designer, Software Designer ou qualquer outro nome que venha a surgir, o que realmente importa é a capacidade de entregar valor real ao usuário e ao negócio.
